A Morte do Omegle e a Web Em Que Cresci
non-tech webA carta de despedida do Omegle me “bate” forte já nos 2º e 3º parágrafos porque descreve muito bem minha relação com a web “primitiva” (a 1.0 e talvez o início do que chamam de web 2.0).
As a young teenager, I couldn’t just waltz onto a college campus and tell a student: “Let’s debate moral philosophy!” I couldn’t walk up to a professor and say: “Tell me something interesting about microeconomics!” But online, I was able to meet those people, and have those conversations. I was also an avid Wikipedia editor; I contributed to open source software projects; and I often helped answer computer programming questions posed by people many years older than me.
In short, the Internet opened the door to a much larger, more diverse, and more vibrant world than I would have otherwise been able to experience; and enabled me to be an active participant in, and contributor to, that world. All of this helped me to learn, and to grow into a more well-rounded person.
“Tudo isso me ajudou a aprender e a me tornar uma pessoa mais completa” é exatamente a minha experiência.
De cidade do interior do Estado, nenhum parente com acesso a ensino superior…
Eu seria muito mais burro, muito mais conservador, muito mais limitado em tudo mesmo, se não tivesse acesso a um mundo muito mais amplo do que o possível AFK.
Cada pessoa que apontava “Não é bem assim, não. Lê isso aqui.” moldou demais a pessoa que sou hoje.
Entendo completamente quando alguém de uma minoria oprimida qualquer diz, por exemplo, que “não precisa ser didática”.
Só que é fato que as que entraram no meu caminho e foram didáticas me ensinaram muitas coisas e eu não teria acesso a muitas delas sem a web.
É ainda um pouco alienígena para mim ler sobre a web sendo usada para radicalização, intolerância e ascensão da direita porque minha experiência é justamente o contrário.
Há sempre um momento de estranhamento antes de eu me lembrar que eu tive contato com uma internet de sites pessoais, chats e listas/fóruns de discussão; enquanto existe toda uma geração que só teve contato com grupos em mensageiros privados e redes sociais com algoritmos movidos a ultraje feitas para vender espaço para publicidade.
Ao ver hoje o tribunal de minúsculas causas oferecer os piores hot takes que você já leu sobre um assunto complexo1 ou o site de fotos erodir a saúde mental de seus usuários2, pode parecer impossível lutar contra a enshittification de tudo ou contra o poder dos engenheiros do caos. Essa batalha, no entanto, está longe de perdida.
Apesar de hoje ser um nicho, não acho que essa web vibrante e construtiva em que eu cresci tenha acabado. Você ainda pode criar um blog ou site pessoal, acompanhar as atualizações de sites por RSS e estar numa rede social em que você seja o algoritmo.
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geopolítica e não monogamia são minhas recomendações para quando você estiver com um excesso de fé na humanidade para gastar ↩︎
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especialmente suas usuárias jovens ↩︎